Na manhã de ontem (09), Gal Costa deixou o palco da vida, após uma morte sem causas divulgadas. O velório da artista irá acontecer na sexta-feira (11), na Assembleia Legislativa de São Paulo, das 9h às 15h, e será aberto ao público. Sendo assim, os fãs que desejarem, poderão dar o último adeus a musa da tropicália. Icônica pelo talento, técnica vocal e tudo o que sua figura representava, Gal Costa entra para a história e deixa uma lacuna de saudade no Brasil.
Após o anúncio de sua morte, diversos famosos e artistas, além dos fãs, lamentaram a perda repentina e inesperada de Gal, que ainda estava na ativa e, segundo suas palavras, se sentia “no auge”. Dos veteranos da tropicália, da antiga MPB, da Jovem Guarda, até os talentos da nova geração de artistas brasileiros, a morte de Gal Costa foi chorada.
Os “Doces Bárbaros”, grupo que Gal formou com os baianos Gilberto Gil, Maria Bethânia e Caetano Veloso, ainda no início da sua trajetória, se manifestaram ao ficarem sabendo da partida da amiga, emocionados. Maria Bethânia, em entrevista a GloboNews, não segurou a emoção e acabou indo às lágrimas ao falar sobre a parceira. “Em choque, triste demais, difícil demais. Eu nunca pensei um dia chegar a vocês para falar sobre a dor de perder a Gal. O Brasil que ela sempre encantou com sua voz única, magistral, hoje, inteiro, chora. Como eu”, declarou. “Uma amiga que, mesmo longe, sempre mantive a admiração e respeito. Que Deus a receba na sua mais pura luz. É triste demais, difícil demais. Muito duro”.
Em seguida, Gilberto Gil também se manifestou através das redes sociais e de um vídeo. “Vai com ela a voz maviosa, o encanto do canto extraordinário que sempre foi sua marca. Fica conosco a saudade, a tristeza, o pesar”, disse. O cantor homenageou aquela que chama de “irmãzinha”: “Nossa irmãzinha se foi… Gal, a quem chamava de Gaúcha. Fica a saudade para mim, para todos que eram próximos dela e pra tanta gente na extensão deste Brasil imenso que se encantava com o canto dela. Agora o canto dela fica conosco pro resto das nossas vidas, pra o tempo todo da nossa história”. Gil ainda completou com um trecho da música “Viagem Passageira”.
Por fim, Caetano Veloso fez parte daqueles que foram às lágrimas. “Gal era uma menina que morava na Rua Rio de São Pedro, na Graça. O mais tocante era a emissão da voz. João Gilberto, Antonio Carlos Jobim e eu percebemos isso”, iniciou. “Há muitos outros aspectos em que a canção brasileira se encontrou engrandecida por vozes femininas. Mas a emissão da voz em Gal era já música, independentemente do domínio consciente das notas. E isso fazia com que o espírito dela expressasse sutilezas, pensamentos, sentimentos, asperezas, doçuras, de modo espontâneo”, relatou.
Caetano ainda citou a importância do disco “Recanto” na sua vida. “O disco Recanto diz tudo o que chego a saber sobre Maria da Graça, Gracinha, Gal. Compus novas canções (que somei a uma que eu tinha feito para Jane Duboc, exemplo de cantora com absoluto domínio da música) para que o significado da presença de Gal entre nós se explicitasse”. Ele confessa que escutará o álbum para pensar em Gal. “Vou ouvir Recanto – e sugiro a quem me leia que faça o mesmo – para repensar a Gal Fa-Tal, a Gal Domingo, a Gal Meu Nome É Gal. Moreno Veloso me disse que reouviu esse disco esses dias e voltou a entender tudo”, disse, citando o filho, de quem Gal era madrinha.
Ao fim da carta, Caetano Veloso sintetiza Gal Costa e o seu significado em sua vida: “Gal é uma joia da nossa história. Eu penso em Gal todos os dias”.
Além do trio, outros artistas fizeram suas homenagens, como Chico Buarque, Roberto Carlos, Rita Lee, Djavan, Marina Lima (ex-namorada de Gal), Moreno Veloso e Preta Gil (que são afilhados da cantora), a atriz e ex-namorada Lúcia Veríssimo, o ator José de Abreu, o presidente Lula e sua esposa, Janja, entre outros.